EDUCAÇÃO SEXUAL
Falar de sexo ainda provoca constrangimento em algumas pessoas, mas o tema é de vital importância para podermos mais do que ensinar, esclarecer questões livre do preconceitos e tabus, preparando cidadãos de forma segura.
A curiosidade, a descoberta das diferenças e o entendimento do prazer obtido pelo próprio corpo são assuntos presentes no dia-a-dia do desenvolvimento da sexualidade. É preciso que se entenda que tais manifestações, mais do que prazerosas, são parte do desenvolvimento sexual saudável. Não adianta esconder, fingir que a sexualidade não existe pois ela é integrante de qualquer ser humano, merecendo a devida atenção, muitas vezes não dada.
A educação sexual é um campo que tem crescido entre os profissionais de saúde e educação e vem passando por inúmeras transformações. Mas ainda vemos um grande despreparo dos professores que, carentes de treinamentos e orientação, não se sentem aptos para tal função, além de ficarem inseguros com o comportamento dos responsáveis.
Claro que cabe aos pais o posicionamento sobre aquilo que consideram importante para seus filhos, percebendo os valores que são passados e atribuindo o quanto que é possível se envolver em tal assunto, complementando, assim, a educação oferecida pela escola, e assim, tendo nos professores bons aliados. Vale ressaltar que a participação dos pais é de fundamental importância nesse processo, uma vez que incentiva o processo de co-responsabilidade, já que à escola cabe complementar o que teve início em casa, suprindo lacunas e revendo conceitos corrompidos.
O profissinal capacitado para ocupar tal papel precisa ter empatia e respeito pelo assunto. Um preparo adequado é aquele que visa acabar com as dúvidas, angústias e a atitude negativa perante ao sexo, possibilitando uma melhor habilidade de comunicação e tomada responsável de decisões. Por ser um tema complexo e que necessita acolhimento, o educador mais do que preparo técnico, precisa levar o aluno ao reconhecimento das suas necessidades e desejos, desenvolvendo, assim, a cognição e o afeto, chamando à responsabilidade de cuidar do próprio corpo. Ou seja, é preciso quebrar tabus, oferecendo uma prática mais reflexiva, já que educar não é somente levar informações sobre sexo, mas transmitir valores e atitudes, levando-se em conta os sentimentos e o respeito por si e pelo outro.
Assim, uma educação sexual sadia é aquela que não se limita ao aprendizado de órgãos, aparelhos reprodutores e funções do corpo humano. Ela levanta assuntos sobre a autoestima, desejos sexuais e sentimentos conflitantes, permitindo uma visão consciente das relações interpessoais e de gênero, da saúde reprodutiva e imagem corporal, concentrando-se, não somente nas dimensões fisiológicas, como psicológicas, sociológicas e espirituais da sexualidade.
É o desconhecido que leva a fantasias e gera angústia. Não é preciso mentir, incluindo a cegonha nos discursos e nem responder além do que foi perguntado. Basta abrir espaço para novos questionamentos. E a escola tem vários espaços para uma intervenção saudável e um questionamento mais amplo sobre o sexo, ocupando um espaço falho de informações, e assim, capaz de eliminar os preconceitos e possibilitar a modificação de determinados valores, refletindo questões sem a necessidade de chegar a uma única resposta como correta.
Da mesma forma que esclarecemos às crianças que elas devem olhar para os dois lados da rua antes de atravessarem, ou que escovem os dentes após as refeições, precisamos ensiná-las a lidar com seus sentimentos, incluindo os que dizem respeito à sexualidade. Para isso, é importante que haja uma conscientização sobre a necessidade da promoção da educação sexual preventiva. Os pais ou responsáveis podem ficar tranquilos, pois educação sexual não faz com que o início sexual seja precoce. Pelo contrário, pesquisas já demonstraram que escolas que oferecem educação sexual têm um maior rendimento escolar e menor agitação em sala.